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TERF: diferenças entre revisões

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{{PageSeo | description = TERF é uma ofensa usada por ativistas transgênero para depreciar qualquer pessoa que critique esse movimento com base em argumentos feministas.
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|description = TERF é uma ofensa usada por ativistas transgênero para depreciar qualquer pessoa que critique esse movimento com base em argumentos feministas.
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[[File:Terf-slur-02.png|thumb|300px|Um ''tweet'' típico contendo do termo "TERF"]]
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A palavra '''TERF''' (ou ''terf''; pl. ''terfs'' ou ''terves'') é uma ofensa usada predominantemente por ativistas transgênero e seus aliados contra pessoas que criticam o movimento transgênero com base em argumentos feministas. Como essa ofensa é usada para referir-se a pessoas com argumentos feministas, seu maior alvo costuma ser mulheres. Como tal, ela é normalmente entendida como sendo uma ofensa anti-feminista, sexista e misógina.
A palavra '''TERF''' (ou ''terf''; pl. ''terfs'' ou ''terves'') é uma ofensa usada predominantemente por ativistas transgênero e seus aliados contra pessoas que criticam o movimento transgênero com base em argumentos feministas. Como essa ofensa é usada para referir-se a pessoas com argumentos feministas, seu maior alvo costuma ser mulheres. Como tal, ela é normalmente entendida como sendo uma ofensa anti-feminista, sexista e misógina.


A palavra foi inventada como um acrônimo para ''Trans-Exclusionary Radical Feminist'' (inglês para "Feminista Radical Trans-Exclusionária"), onde a parte "trans-exclusionary" ("trans-exclusionária") refere-se a essas pessoas serem da opinião de que mulheres trans não deveriam ser incluídas dentro da definição feminista de feminilidade, e a parte "radical feminist" ("feminista radical") foi aplicada de maneira neutra para referir-se àquelas pessoas que de fato se descrevem como [https://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo_radical feministas radicais] no seu verdadeiro sentido. Com o tempo, o acrônimo tornou-se um termo ofensivo. Atualmente, a capitalização dessa palavra frequentemente não é feita, e o significado já ambíguo de seu sentido original é inteiramente ignorado. Ainda assim, usuários do termo costumam alegar que se trata de um termo neutro. A parte "trans-exclusionary" ("trans-exclusionária") agora pode se referir a qualquer pessoa que pense que mulheres trans não deveriam poder ter acesso irrestrito a espaços exclusivamente femininos (como vestiários), participar em esportes femininos - onde elas possuem [[Mulheres trans em esportes femininos|vantagens injustas]] -, a relacionamentos com lésbicas etc. Apesar de a maior parte do público poder considerar essas posições como minimamente sensatas, levando em conta que uma "mulher trans" pode ter uma anatomia masculina intacta, ativistas transgênero veem todos esses tipos de "exclusão" como inaceitáveis.
A palavra foi inventada como um acrônimo para ''Trans-Exclusionary Radical Feminist'' (inglês para "Feminista Radical Trans-Exclusionária"), onde a parte "trans-exclusionary" ("trans-exclusionária") refere-se a essas pessoas serem da opinião de que mulheres trans não deveriam ser incluídas dentro da definição feminista de feminilidade, e a parte "radical feminist" ("feminista radical") foi aplicada de maneira neutra para referir-se àquelas pessoas que de fato se descrevem como [https://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo_radical feministas radicais] no seu verdadeiro sentido.
 
Com o tempo, o acrônimo tornou-se um termo ofensivo. Atualmente, a capitalização dessa palavra frequentemente não é feita, e o significado já ambíguo de seu sentido original é inteiramente ignorado. Ainda assim, usuários do termo costumam alegar que se trata de um termo neutro. A parte "trans-exclusionary" ("trans-exclusionária") agora pode se referir a qualquer pessoa que pense que mulheres trans não deveriam poder ter acesso irrestrito a espaços exclusivamente femininos (como vestiários), participar em esportes femininos - onde elas possuem [[Mulheres trans em esportes femininos|vantagens injustas]] -, a relacionamentos com lésbicas etc. Apesar de a maior parte do público poder considerar essas posições como minimamente sensatas, levando em conta que uma "mulher trans" pode ter uma anatomia masculina intacta, ativistas transgênero veem todos esses tipos de "exclusão" como inaceitáveis.


Um termo associado de maneira próxima a esse é ''SWERF'', que supostamente significa ''Sex-Worker-Exclusionary Radical Feminist'' (inglês para "Feminista Radical Exclusionária de Trabalhadoras do Sexo") e é usado para referir-se àquelas pessoas que veem a indústria sexual (prostituição, pornografia etc.) como altamente exploratória e sexista. Assim como ''TERF'', esse termo é quase sempre proferido como uma ofensa e para deturpar a posição política do indivíduo contra a qual ele é usado. Ironicamente, algumas dessas pessoas chamadas de ''SWERF'' são comumente mulheres que trabalharam na prostituição e tornaram-se ativistas anti-prostituição como resultado de suas próprias experiências como as chamadas "trabalhadoras do sexo".
Um termo associado de maneira próxima a esse é ''SWERF'', que supostamente significa ''Sex-Worker-Exclusionary Radical Feminist'' (inglês para "Feminista Radical Exclusionária de Trabalhadoras do Sexo") e é usado para referir-se àquelas pessoas que veem a indústria sexual (prostituição, pornografia etc.) como altamente exploratória e sexista. Assim como ''TERF'', esse termo é quase sempre proferido como uma ofensa e para deturpar a posição política do indivíduo contra a qual ele é usado. Ironicamente, algumas dessas pessoas chamadas de ''SWERF'' são comumente mulheres que trabalharam na prostituição e tornaram-se ativistas anti-prostituição como resultado de suas próprias experiências como as chamadas "trabalhadoras do sexo".


== História ==
== Origem ==
 
=== Origem ===


O uso mais antigo do termo foi feito por Viv Smythe aka "tigtog" em um ''blog post'' de 2008.<ref name=terf-origin/> Ela defendeu o termo em 2018, num artigo para o The Guardian.<ref name=guardian-smythe/> Ativistas transgênero frequentemente tentam defender o tempo sob a justificativa de que Viv Smythe é uma mulher que alega ser feminista radical, e parece ter usado o termo pela primeira vez de uma maneira que não é depreciativa. Obviamente, as origens benignas do termo não implicam que ele não possa evoluir de forma a tornar-se uma ofensa.
O uso mais antigo do termo foi feito por Viv Smythe aka "tigtog" em um ''blog post'' de 2008.<ref name=terf-origin/> Ela defendeu o termo em 2018, num artigo para o The Guardian.<ref name=guardian-smythe/> Ativistas transgênero frequentemente tentam defender o tempo sob a justificativa de que Viv Smythe é uma mulher que alega ser feminista radical, e parece ter usado o termo pela primeira vez de uma maneira que não é depreciativa. Obviamente, as origens benignas do termo não implicam que ele não possa evoluir de forma a tornar-se uma ofensa.


=== A evolução para discurso de ódio ===
== A evolução para discurso de ódio ==


[[File:Mya-byrne-punches-terfs.jpg|thumb|right|200px|Não é de forma alguma uma ofensa!]]
[[File:Mya-byrne-punches-terfs.jpg|thumb|right|200px|Não é de forma alguma uma ofensa!]]
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No final de 2019, uma tendência nas redes sociais denominada "POV you're a TERF in my mentions" ("ponto de vista de você ser uma TERF nas minhas menções") teve início, na qual ativistas trans posavam com uma arma (taco de beisebol, espada, machete ou outras), às vezes preparando-se para golpear ou mostrando-os no meio de um golpe, tiradas como se fossem [https://en.wikipedia.org/wiki/Point-of-view_shot uma fotografia de ponto de vista] e com a legenda "POV you're a TERF in my mentions" ("ponto de vista de você ser uma TERF nas minhas menções"), ou alguma variação.<ref name=pov-terf/> As fotografias supostamente representam o ponto de vista de uma "TERF" sendo agredida pela pessoa retratada. Em outras palavras, mulheres chamadas de "TERF" que olham para a foto deveriam imaginar a si próprias sendo violentamente agredidas.
No final de 2019, uma tendência nas redes sociais denominada "POV you're a TERF in my mentions" ("ponto de vista de você ser uma TERF nas minhas menções") teve início, na qual ativistas trans posavam com uma arma (taco de beisebol, espada, machete ou outras), às vezes preparando-se para golpear ou mostrando-os no meio de um golpe, tiradas como se fossem [https://en.wikipedia.org/wiki/Point-of-view_shot uma fotografia de ponto de vista] e com a legenda "POV you're a TERF in my mentions" ("ponto de vista de você ser uma TERF nas minhas menções"), ou alguma variação.<ref name=pov-terf/> As fotografias supostamente representam o ponto de vista de uma "TERF" sendo agredida pela pessoa retratada. Em outras palavras, mulheres chamadas de "TERF" que olham para a foto deveriam imaginar a si próprias sendo violentamente agredidas.


=== Vandalismos, assédios e agressões na vida real ===
Em maio de 2020, foi feita uma publicação num ''blog'' do Medium.com comparando as chamadas TERFs a nazistas em um tom aparentemente verossímil e explicando como vários métodos, tais como infiltração, censura, danos patrimoniais e violência física deveriam ser usados contra elas.<ref name=medium-izaguirre/> A conta utilizada para a publicação do artigo foi suspensa do Medium.com no mesmo dia e seu conteúdo republicado no WordPress um pouco depois.<ref name=wp-izaguirre/>
 
== Vandalismos, assédios e agressões na vida real ==


Em fevereiro de 2017, a recém-aberta Vancouver Women's Library foi recebida por um pequeno grupo de vândalos, incluindo uma pessoa que era claramente do sexo masculino e que alegava ser uma trabalhadora do sexo. Eles arrancaram um pôster, derramaram vinho em um livro e assediaram aqueles que tentaram participar da cerimônia de abertura do estabelecimento. A justificativa que deram foi de que a biblioteca incluía livros que eles diziam supostamente apoiar a ideologia "TERF" e "SWERF".<ref name=vwl/>
Em fevereiro de 2017, a recém-aberta Vancouver Women's Library foi recebida por um pequeno grupo de vândalos, incluindo uma pessoa que era claramente do sexo masculino e que alegava ser uma trabalhadora do sexo. Eles arrancaram um pôster, derramaram vinho em um livro e assediaram aqueles que tentaram participar da cerimônia de abertura do estabelecimento. A justificativa que deram foi de que a biblioteca incluía livros que eles diziam supostamente apoiar a ideologia "TERF" e "SWERF".<ref name=vwl/>
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Em setembro de 2017, um grupo de feministas quis marcar uma reunião para discutir as mudanças propostas pelo [https://www.feministcurrent.com/2018/09/14/never-mind-reforming-gender-recognition-act-theres-no-need-gender-recognition-certificates/ Gender Recognition Act] (GRA), na biblioteca comunitária [https://newxlearning.org/ New Cross Learning] de Londres. A biblioteca teve de cancelar o evento após o assédio de ativistas transgênero. As organizadoras da reunião decidiram encontrar-se na Speakers' Corner, antes de ir ao novo local da reunião, que não havia sido anunciado de forma a protegê-lo de assédio. Na Speakers' Corner, elas foram recebidas por um grupo de ativistas transgênero gritando frases como "when TERFs attack, we fight back" ("quando TERFs atacam, nós revidamos", em inglês). Maria MacLachlan, que estava filmando os protestantes com a sua câmera digital, foi atacada por uma pessoa vinda do grupo de ativistas trans e que então tentou tomar a sua câmera. Após não ter sucesso, o atacante correu para trás de seus amigos, e MacLachlan tentou aproximar-se do grupo para filmar o seu rosto com a câmera. Vários dos ativistas começaram a agredi-la nesse momento. Um dos agressores, que após o evento revelou-se ser Tara Wolf, foi acusado de agressão física. Anteriormente ao evento, ele havia postado que queria "f*der com algumas terfs" em uma rede social. Esse evento pode ser considerado como um marco do ódio crescente que ativistas transgênero demonstram contra feministas, já que nenhuma outra agressão havia sido documentada claramente com relação à ofensa "TERF", e o evento ganhou atenção generalizada nas notícias, sendo coberto pelo The Guardian,<ref name=standard/> The New Statesman,<ref name=statesman1/><ref name=statesman2/> The Telegraph,<ref name=telegraph/> The Times,<ref name=times1/><ref name=times2/> The Evening Standard,<ref name=standard/> e pelo Daily Mail.<ref name=dailymail/> Foi também, é claro, coberto pelo Feminist Current.<ref name=fc1/><ref name=fc2/> Como resultado do evento, muitos ativistas transgênero defenderam e até mesmo celebraram a agressão, levando Meghan Murphy a publicar o texto [https://www.feministcurrent.com/2017/09/21/terf-isnt-slur-hate-speech/ '''TERF' isn't just a slur, it's hate speech''] ("TERF não é só uma ofensa, é discurso de ódio"). Algumas publicações, ao defender os ativistas transgênero, tentaram alegar que o agressor estava na verdade agindo em legítima defesa, e tentaram provar essa alegação através do ''upload'' de cortes cuidadosamente editados da gravação mostrando a agressão,<ref name=planettrans/> ou descrevendo a agressão como "revidando contra ''bullies''" que "provocaram" os ativistas transgênero (ao terem opiniões das quais estes não gostaram, presumivelmente).<ref name=queerness/>
Em setembro de 2017, um grupo de feministas quis marcar uma reunião para discutir as mudanças propostas pelo [https://www.feministcurrent.com/2018/09/14/never-mind-reforming-gender-recognition-act-theres-no-need-gender-recognition-certificates/ Gender Recognition Act] (GRA), na biblioteca comunitária [https://newxlearning.org/ New Cross Learning] de Londres. A biblioteca teve de cancelar o evento após o assédio de ativistas transgênero. As organizadoras da reunião decidiram encontrar-se na Speakers' Corner, antes de ir ao novo local da reunião, que não havia sido anunciado de forma a protegê-lo de assédio. Na Speakers' Corner, elas foram recebidas por um grupo de ativistas transgênero gritando frases como "when TERFs attack, we fight back" ("quando TERFs atacam, nós revidamos", em inglês). Maria MacLachlan, que estava filmando os protestantes com a sua câmera digital, foi atacada por uma pessoa vinda do grupo de ativistas trans e que então tentou tomar a sua câmera. Após não ter sucesso, o atacante correu para trás de seus amigos, e MacLachlan tentou aproximar-se do grupo para filmar o seu rosto com a câmera. Vários dos ativistas começaram a agredi-la nesse momento. Um dos agressores, que após o evento revelou-se ser Tara Wolf, foi acusado de agressão física. Anteriormente ao evento, ele havia postado que queria "f*der com algumas terfs" em uma rede social. Esse evento pode ser considerado como um marco do ódio crescente que ativistas transgênero demonstram contra feministas, já que nenhuma outra agressão havia sido documentada claramente com relação à ofensa "TERF", e o evento ganhou atenção generalizada nas notícias, sendo coberto pelo The Guardian,<ref name=guardian/> The New Statesman,<ref name=statesman1/><ref name=statesman2/> The Telegraph,<ref name=telegraph/> The Times,<ref name=times1/><ref name=times2/> The Evening Standard,<ref name=standard/> e pelo The Daily Mail.<ref name=dailymail/> Foi também, é claro, coberto pelo Feminist Current.<ref name=fc1/><ref name=fc2/> Como resultado do evento, muitos ativistas transgênero defenderam e até mesmo celebraram a agressão, levando Meghan Murphy a publicar o texto [https://www.feministcurrent.com/2017/09/21/terf-isnt-slur-hate-speech/ '''TERF' isn't just a slur, it's hate speech''] ("TERF não é só uma ofensa, é discurso de ódio"). Algumas publicações, ao defender os ativistas transgênero, tentaram alegar que o agressor estava na verdade agindo em legítima defesa, e tentaram provar essa alegação através do ''upload'' de cortes cuidadosamente editados da gravação mostrando a agressão,<ref name=planettrans/> ou descrevendo a agressão como "revidando contra ''bullies''" que "provocaram" os ativistas transgênero (ao terem opiniões das quais estes não gostaram, presumivelmente).<ref name=queerness/>


Em dezembro de 2018, a advogada de defesa dos direitos humanos, Prof. [[Rosa Freedman]], encontrou a porta de seu escritório coberta com urina após participar de debates relacionados às mudanças propostas ao Gender Recognition Act do Reino Unido. Ela também alegou ter sido chamada de uma "nazista" (ela é judia) que "deveria ser estuprada" (ela é uma sobrevivente de violência sexual) e de receber telefonemas abusivos anônimos.<ref name=freedman/>
Em dezembro de 2018, a advogada de defesa dos direitos humanos, Prof. [[Rosa Freedman]], encontrou a porta de seu escritório coberta com urina após participar de debates relacionados às mudanças propostas ao Gender Recognition Act do Reino Unido. Ela também alegou ter sido chamada de uma "nazista" (ela é judia) que "deveria ser estuprada" (ela é uma sobrevivente de violência sexual) e de receber telefonemas abusivos anônimos.<ref name=freedman/>
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Em 16 de agosto de 2019, a conta no Facebook do [[Vancouver Rape Relief and Women's Shelter]] relatou que um rato mortou havia sido pregado na moldura de sua porta.<ref name=vrr-fb/> Em 26 de agosto, a sua conta no Twitter seguiu relatando que as suas portas e janelas haviam sido vandalizadas com frases como "FUCK TERFS" ("FODAM COM AS TERFS") e "KILL TERFS" ("MATEM AS TERFS"), assim como "TRANS POWER" ("PODER TRANS").<ref name=vrr-twitter/> O repetido assédio e vandalismos chamaram a atenção local e nacional.<ref name=vrr-vancouverisawesome/><ref name=vrr-nationalreview/><ref name=vrr-citynews/>
Em 16 de agosto de 2019, a conta no Facebook do [[Vancouver Rape Relief and Women's Shelter]] relatou que um rato mortou havia sido pregado na moldura de sua porta.<ref name=vrr-fb/> Em 26 de agosto, a sua conta no Twitter seguiu relatando que as suas portas e janelas haviam sido vandalizadas com frases como "FUCK TERFS" ("FODAM COM AS TERFS") e "KILL TERFS" ("MATEM AS TERFS"), assim como "TRANS POWER" ("PODER TRANS").<ref name=vrr-twitter/> O repetido assédio e vandalismos chamaram a atenção local e nacional.<ref name=vrr-vancouverisawesome/><ref name=vrr-nationalreview/><ref name=vrr-citynews/>
=== Galeria ===
<gallery caption="Discussão sobre o ''tweet'' de ódio de McLean" perrow=3 widths=400px heights=200px>
File:Sonicfox3.jpg | McLean defendendo o seu ''tweet'' sob a alegação de que Ronda Rousey é uma "TERF" e, como tal, é merecedora desse desprezo violento.
File:Sonicfox-copycat1.png | Uma imitação do ''tweet'' mostrando outra personagem de ''video game'' morrendo brutalmente, e com a legenda "FUCK TERFS" ("FODAM COM AS TERFS").
File:Sonicfox-copycat2.png | Outra imitação do ''tweet''. O GIF é do personagem de [https://en.wikipedia.org/wiki/Mortal_Kombat_11 Mortal Kombat 11] [https://en.wikipedia.org/wiki/Scorpion_(Mortal_Kombat) Scorpion] queimando viva a sua oponente.
</gallery>
<gallery caption="Assédio e vandalismo ao Vancouver Rape Relief" perrow=3 widths=400px heights=200px>
File:Vrr-vandalism1.jpg | Um rato morto pregado à moldura da porta do VRR.
File:Vrr-vandalism2.jpg | O texto "KILL TERFS ... TRANS POWER" ("MATEM AS TERFS ... PODER TRANS") escrito na janela.
File:Vrr-vandalism3.jpg | As frases "FUCK TERFS" ("FODAM COM AS TERFS") e "TRANS WOMEN ARE WOMEN" ("MULHERES TRANS SÃO MULHERES") escritas na porta e na janela.
</gallery>
<gallery caption="Alguns exemplos de ''tweets'' usando 'terf'" perrow=3 widths=400px heights=200px>
File:Terf-gallery-1.png | "terf isn't a slur ... terfs don't deserve rights" ("terf não é uma ofensa ... terfs não merecem direitos").
File:Terf-gallery-2.jpg | "All terfs will be arrested on sight" ("Todas as terfs serão presas à vista").
File:Terf-gallery-3.jpg | "It's [https://en.wikipedia.org/wiki/Gay_pride#LGBT_Pride_Month Pride] punch a terf" ("É o Orgulho soque uma terf").
File:Terf-gallery-4.png | Colocando 'terf' logo ao lado de 'nazista'.
File:Terf-gallery-5.png | [https://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_Chu Arthur Chu] defendendo o discurso de ódio de SonicFox.
File:Terf-gallery-6.png | "Being a TERF is a choice.  Like being a Nazi" ("Ser uma TERF é uma escolha. Assim como ser um nazista").
</gallery>


== Análise do termo ==
== Análise do termo ==
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* Excluir pessoas trans do acesso a moradia (torná-las sem teto);
* Excluir pessoas trans do acesso a moradia (torná-las sem teto);
* Excluir pessoas trans do acesso a emprego (torná-las desempregadas);
* Excluir pessoas trans do acesso a emprego (torná-las desempregadas);
* Excluí-las do acesso a educação;
* Excluí-las do acesso a educação (mantê-las sem instrução);
* Excluí-las do acesso a igualdade de acomodação;
* Excluí-las do acesso a igualdade de acomodação;
* Excluí-las das proteções locais, estaduais, nacionais e das Nações Unidas (!).
* Excluí-las das proteções locais, estaduais, nacionais e das Nações Unidas (!).


Como tais, as mulheres chamadas de "TERF" são representadas menos como mulheres que simplesmente querem defender os direitos das mulheres baseados em sexo e mais como monstros facistas, o que é então usado para incitar ódio e violência contra elas. É também notável como a exclusão de mulheres trans (de espaços exclusivos para mulheres etc.) torna-se aqui uma suposta exclusão de todas as pessoas trans (do que quer que seja). Na verdade, mulheres chamadas de "TERF" frequentemente dirão de maneira explícita que homens trans são bem-vindos em seus grupos, já que homens trans também sofrem as opressões que todas as mulheres sofrem desde o nascimento.  
Como tais, as mulheres chamadas de "TERF" são representadas menos como mulheres que simplesmente querem defender os direitos das mulheres baseados em sexo e mais como monstros facistas. Isso é então usado para incitar ódio e violência contra elas. É também notável como a exclusão de mulheres trans (de espaços exclusivos para mulheres etc.) torna-se aqui uma suposta exclusão de todas as pessoas trans (do que quer que seja). Na verdade, mulheres chamadas de "TERF" frequentemente dirão de maneira explícita que homens trans são bem-vindos em seus grupos, já que homens trans também sofrem as opressões que todas as mulheres sofrem desde o nascimento.  


A estratégia de ativistas transgêneros de usar definições simples de "TERF" para fazer esse termo parecer acurado, para então distorcer a sua definição para justificar o ódio, é bastante similar à estratégia "troll" que foi observada pelo filósofo Nicholas Shackel, e denominada ''Doutrina de Motte e Bailey'' em um artigo intitulado [https://philpapers.org/archive/SHATVO-2.pdf ''The Vacuity of Postmodernist Methodology''] ("A Vacuidade da Metodologia Pós-Modernista", em tradução livre do inglês):
A estratégia de ativistas transgêneros de usar definições simples de "TERF" para fazer esse termo parecer acurado, para então distorcer a sua definição para justificar o ódio, é bastante similar à estratégia "troll" que foi observada pelo filósofo Nicholas Shackel, e denominada ''Doutrina de Motte e Bailey'' em um artigo intitulado [https://philpapers.org/archive/SHATVO-2.pdf ''The Vacuity of Postmodernist Methodology''] ("A Vacuidade da Metodologia Pós-Modernista", em tradução livre do inglês):
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[[File:Theterfs-logo.png|thumb|right|300px|Logotipo real do TheTERFs.com: Rabiscos pretos malignos]]
[[File:Theterfs-logo.png|thumb|right|300px|Logotipo real do TheTERFs.com: Rabiscos pretos malignos]]


It should be noted that ''The TERFs'' offers little more than out-of-context quotes from several decades ago as "evidence" for its hyperbolic claims regarding so-called "TERF" ideology. It also showcases a small number of cherry-picked tweets, half of which are from right-wing sources that also happen to oppose the transgender movement, which trans activists claim proves that feminists are secretly allied with them in a big conspiracy. (This line of thinking is often ridiculed as: "Hitler was a vegetarian, therefore vegetarians are Nazis.")
Deve ser notado que o ''The TERFs'' oferece pouco mais do que citações fora de contexto de várias décadas atrás como "evidência" para as suas alegações hiperbólicas envolvendo uma chamada ideologia "TERF". Ele também mostra um certo número de ''tweets'' cuidadosamente selecionados, metade dos quais vem de fontes da direita política que também se opõe ao movimento transgênero, o que leva ativistas trans a alegarem que isso prova que feministas são secretamente aliadas à direita numa grande conspiração. (Essa linha de raciocínio também é frequentemente ridicularizada como: "Hitler era vegetariano. Logo, vegetarianos são nazistas")
 
A respeito de supostas evidências de "violência na vida real motivadas pela ideologia TERF", o ''site'' lista seis exemplos, dos quais três na verdade não apresentam nenhuma violência. Aqueles que apresentam dizem respeito a incidentes de várias décadas atrás, nos quais mulheres tentaram expulsar mulheres trans de grupos ou espaços exclusivamente femininos, usando força física ou ameaças diretas. Devido a ser esperado que mulheres sejam sempre boazinhas e passivas em relação a homens, até mesmo quando tentam formar grupos feministas radicais e manter homens fora deles, isso é obviamente visto como inaceitável. Dois exemplos são de ameaças verbais, que são experiências rotineiras para feministas que se opõe a ativistas trans. A última é sobre as mortes de pessoas trans que são ''presumidas'' serem relacionadas à falta de acesso a cuidados médicos, fator que não tem relação nenhuma com a ideologia feminista.
 
Para resumir: não há um único exemplo documentado de um grupo feminista ter agredido ou ameaçado um grupo transgênero. Qualquer alegação de "violência por TERFs" refere-se a mulheres tentando expulsar mulheres trans de espaços exclusivamente femininos, a casos extremamente raros de ameaças verbais ou a muitas e muitas fabricações. Em comparação, ativistas trans já foram a bibliotecas de mulheres para vandalizá-las,<ref name=vwl/> foram a encontros feministas para agredir mulheres,<ref name=fc1/><ref name=fc2/> apareceram usando máscaras em conferências feministas para intimidar mulheres<ref name=jamjar/> e o abuso verbal onipresente que eles direcionam a mulheres consegue encher [https://terfisaslur.com/ um ''site'' inteiro] criado somente para esse fim.
 
== "SWERF" ==
 
A palavra ''SWERF'' está proximamente relacionada a ''TERF'' e é utilizada de maneira similarmente desonesta e deturpadora. Mulheres (e homens que se preocupam com os direitos das mulheres) críticas da indústria do sexo pela sua natureza exploradora são acusadas de serem "exclusionárias de trabalhadoras do sexo", numa tentativa de fazê-las parecer terem ódio de um grupo oprimido.


Regarding supposed evidence of "real-life violence motivated by TERF ideology," the website lists six examples, of which three don't actually present any violence.  Those which do, relate to incidences from several decades ago, in which women tried to evict transwomen from female-only groups or spaces, using physical force or face-to-face threats. Since women are expected to be always nice and passive towards males, even when trying to form radical feminist groups and keep males out of them, this is of course seen as unacceptable.  Two examples are about verbal threats, which is a run-of-the-mill experience for feminists opposing transgender activists, and the last one is about the deaths of trans people that are ''assumed'' to be related to lack of access to health care, which to be very blunt has fuck-all to do with feminist ideologies.
De fato, as pessoas que são chamadas de "SWERF" tendem a apoiar o [[modelo nórdico]] contra a prostituição, que vê um sistema de assistência social de alta qualidade como um componente necessário no combate à prostituição e no alívio a problemas enfrentados por mulheres que somente escolher prostituir-se por causa de condições econômicas extremas. Além disso, muitas das que são chamadas de "SWERF" tendem a ser mulheres que já trabalharam na prostituição.


To summarize: there is not a single documented instance of a feminist group going up to a transgender group to assault or threaten them.  Any claims of "violence by TERFs" refer either to women trying to evict transwomen from female-only spaces, extremely rare verbal threats, and lots and lots of fabrication. In comparison, transgender activists have gone to women's libraries to vandalize them,<ref name=vwl/> went to feminist meetings to assault women,<ref name=fc1/><ref name=fc2/> appeared with face masks at feminist conferences to intimidate women,<ref name=jamjar/> and the ubiquitous verbal abuse they send in the direction of women fills up [https://terfisaslur.com/ a whole website] set up solely to archive it.
Notavelmente, uma das mais conhecidas feministas anti-prostituição e anti-pornografia, [[Andrea Dworkin]], já foi uma prostituta e não tinha vergonha de admitir isso. Outro exemplo notável é [[Rachel Moran]], que esteve envolvida com a prostituição quando tinha entre 15 e 22 anos de idade, para depois tornar-se uma das mais notáveis ativistas anti-prostituição e a favor do modelo nórdico dos últimos anos.  


=== The term 'SWERF' ===


The word ''SWERF'' is a close relative to ''TERF'' and is applied in a similarly dishonest, misrepresenting way.  Women (and men who care about women's rights) who are critical of the sex industry for its exploitative nature are accused of being "sex-worker exclusionary" in an attempt to make them seem hateful towards an oppressed group.
=== Galeria ===


In fact, the people slurred as "SWERF" tend to be supporters of the [[Nordic Model]] against prostitution, which sees a high-quality welfare system as a necessary component in tackling prostitution, and in alleviating problems faced by women who would otherwise choose to do prostitution out of economic desperation.  Further, many of those slurred "SWERF" tend to be women who worked in prostitution themselves.
<gallery caption="Discussão sobre o ''tweet'' de ódio de McLean" perrow=3 widths=400px heights=200px>
File:Sonicfox3.jpg | McLean defendendo o seu ''tweet'' sob a alegação de que Ronda Rousey é uma "TERF" e, como tal, é merecedora desse desprezo violento.
File:Sonicfox-copycat1.png | Uma imitação do ''tweet'' mostrando outra personagem de ''video game'' morrendo brutalmente, e com a legenda "FUCK TERFS" ("FODAM COM AS TERFS").
File:Sonicfox-copycat2.png | Outra imitação do ''tweet''. O GIF é do personagem de [https://en.wikipedia.org/wiki/Mortal_Kombat_11 Mortal Kombat 11] [https://en.wikipedia.org/wiki/Scorpion_(Mortal_Kombat) Scorpion] queimando viva a sua oponente.
</gallery>


Notably, one of the biggest anti-prostitution and anti-pornography feminists [[Andrea Dworkin]] was an ex-prostitute herself, and not ashamed of admitting so. Another notable example is [[Rachel Moran]], who was in prostitution between the ages of 15 and 22, only to become one of the most notable anti-prostitution, pro-Nordic Model activists in recent years.
<gallery caption="Assédio e vandalismo ao Vancouver Rape Relief" perrow=3 widths=400px heights=200px>
File:Vrr-vandalism1.jpg | Um rato morto pregado à moldura da porta do VRR.
File:Vrr-vandalism2.jpg | O texto "KILL TERFS ... TRANS POWER" ("MATEM AS TERFS ... PODER TRANS") escrito na janela.
File:Vrr-vandalism3.jpg | As frases "FUCK TERFS" ("FODAM COM AS TERFS") e "TRANS WOMEN ARE WOMEN" ("MULHERES TRANS SÃO MULHERES") escritas na porta e na janela.
</gallery>
 
<gallery caption="Alguns exemplos de ''tweets'' usando 'terf'" perrow=3 widths=400px heights=200px>
File:Terf-gallery-1.png | "terf isn't a slur ... terfs don't deserve rights" ("terf não é uma ofensa ... terfs não merecem direitos").
File:Terf-gallery-2.jpg | "All terfs will be arrested on sight" ("Todas as terfs serão presas à vista").
File:Terf-gallery-3.jpg | "It's [https://en.wikipedia.org/wiki/Gay_pride#LGBT_Pride_Month Pride] punch a terf" ("É o Orgulho soque uma terf").
File:Terf-gallery-4.png | Colocando 'terf' logo ao lado de 'nazista'.
File:Terf-gallery-5.png | [https://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_Chu Arthur Chu] defendendo o discurso de ódio de SonicFox.
File:Terf-gallery-6.png | "Being a TERF is a choice.  Like being a Nazi" ("Ser uma TERF é uma escolha. Assim como ser um nazista").
</gallery>


== See also ==
== Ver também ==


* [[Transgender ideology]]
* [[Ideologia transgênero]]


=== External links ===
== Ligações externas ==


* [https://terfisaslur.com/ terfisaslur.com - Documenting the abuse, harassment and misogyny of transgender identity politics]
* [https://terfisaslur.com/ terfisaslur.com - Documentando o abuso, assédio e misoginia da política de identidade transgênero (em inglês)]
* [https://www.feministcurrent.com/tag/terf/ TERF Archives | Feminist Current]
* [https://www.feministcurrent.com/tag/terf/ Arquivo TERF | Feminist Current (em inglês)]
* [https://speakupforwomen.nz/dont-call-women-terfs/ Don't Call Women 'Terfs' | Speak Up for Women NZ]
* [https://speakupforwomen.nz/dont-call-women-terfs/ Não Chame Mulheres de 'Terfs' | Speak Up for Women NZ (em inglês)]
* [https://medium.com/@amydyess83/terf-is-hate-speech-and-its-time-to-condemn-it-6efc897ce407 TERF Is Hate Speech and It’s Time to Condemn It]
* [https://medium.com/@amydyess83/terf-is-hate-speech-and-its-time-to-condemn-it-6efc897ce407 TERF é Discurso de Ódio e é Hora de Condenarmos Isso (em inglês)]


== References ==
== Referências ==


<references>
<references>
<ref name=medium-izaguirre>
{{cite web
|url=https://web.archive.org/web/20200527135844/https://medium.com/@laura.izaguirre/resisting-terfs-and-transforming-their-organizations-95cd21714fc8
|title=Resisting TERF's and Transforming Their Organizations (Archived from Medium.com)
|author=Laura Izaguirre
|date=May 26, 2020
|website=Medium.com
}}
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|url=https://web.archive.org/web/20200528035805/https://queeratxlaura.wordpress.com/2020/05/27/resisting-terfs-and-transforming-their-organizations/
|title=Resisting TERF's and Transforming Their Organizations (Archived from WordPress.com)
|author=Laura Izaguirre
|date=May 28, 2020
|website=WordPress
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</references>
</references>
<!-- Links para outras linguagens: -->
[[en:TERF]]
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